Crítica XXI

Portugal é há quase meio século governado pelas esquerdas. Se estendermos a ideia de poder ao campo cultural, podemos dizer que esse domínio é até anterior à Revolução e permanece mesmo quando as direitas governam. 

Disto não resulta apenas que as direitas e o seu pensamento sejam mal conhecidos; resulta uma atmosfera cultural e mediática acomodada e maniqueísta sem espaço para a interrogação crítica. 

Crítica XXI quer dar a conhecer a tradição intelectual das direitas e os seus desenvolvimentos actuais, olhando para valores, ideias e princípios com liberdade incondicional.

NÚMERO 1 . OUTONO 2022

Neste número de Outono de 2022 de Crítica XXI, Jaime Nogueira Pinto recorda o seu itinerário e os itinerários e as ideias da Direita, essa grande maltratada e desconhecida. 

José Luís Andrade, em “Nacionalismo: um retorno?”, fala da reinvenção e do regresso de ideias prematuramente descartadas, como a nação e o nacionalismo. 

Carl Schmitt, o pensador filósofo da essência do Político, da relação Amigo/Inimigo, é evocado por Alexandre Franco de Sá nos 100 anos da publicação da sua Teologia Política: quatro capítulos para a doutrina da soberania. 

Mas nem só de ideias vivem e morrem os homens: na ofensiva discreta, mas insistente e permanente, para mudar a sociedade portuguesa, a Esquerda aposta na cultura da morte. Em “Eutanásia: Morte da pessoa e do direito” Mafalda Miranda Barbosa faz a crónica dessa morte anunciada. 

Duarte Branquinho evoca o papel da Nouvelle Droite de Alain de Benois na acção de desconstrução da Esquerda e na genealogia das direitas e da Direita em “De um livro a outro, o exemplo da Nouvelle Droite”. 

Neste ano de 2022, que é também um ano camoniano – o 450º aniversário de Os Lusíadas –, Carlos Maria Bobone pergunta e responde “O que são os Lusíadas n’Os Lusíadas”, desmontando algumas interpretações ideológicas do poema. 

Alexandre Herculano é a grande figura do intelectual interventor do Liberalismo português. Rui Ramos, em “Isto dá vontade de morrer”, traça o seu perfil, a sua vida e o seu papel passado e presente na cultura portuguesa.

A trilogia dos “Padrinhos” de Francis Ford Coppola é um marco fundamental da História do Cinema e um retrato da sociedade americana vista da sua marginalidade. Miguel Freitas da Costa fala do Godfather nos 50 anos da sua estreia. 

A Escola de Frankfurt, o mais que famoso Institu für Sozialforschung, foi fundado há quase um século. Theodor Adorno, Herbert Marcus, Walter Benjamin, György Lukás são nomes ligados ao Think-Tank que pretendeu rever e actualizar o Marxismo. A propósito, José Maria Cortes faz a recensão do livro The Dialectical Imagination – A History of the Frankfurt School and the Institute of Social Research, de Martin Jay. 

Louis-Ferdinand Céline é, com Proust e Joyce, um dos grandes renovadores ou revolucionários da Literatura do século XX; e só uma grande escrita poderia redimir uma personalidade tão marginal. Guerre, um dos seus escritos póstumos, é um romance breve, mas onde está bem inscrita a marca de Céline. Jaime Nogueira Pinto explica porquê. 

Em “Ulysses, de James Joyce – a recensão que Pessoa não fez” Inês Lage Pinto Basto lembra os cem anos do lançamento de Ulysses e a forma como o livro foi então recebido, e abre paralelos entre dois autores capitais do século XX a partir de uma breve nota de Fernando Pessoa sobre “a arte de James Joyce”. 

DIRECÇÃO JAIME NOGUEIRA PINTO E RUI RAMOS